Há tempos que o SBT estava com a ideia de produzir uma versão nacional de Carrossel, a novelinha infantil que virou febre no início da década de 1990. Minha reação era sempre a mesma quando lia em algum lugar sobre os boatos: completa contrariedade. Lembro que alternava entre a trama mexicana e Vamp, da Globo, que passava no mesmo horário. E aquela história, tão simples, tão corriqueira e, convenhamos mal realizada, que só os olhos infantis não notavam, me cativava diariamente. Até Hoje guardo com carinho todas as lembranças daquela época, proporcionadas pela novela. Exatamente por isso, fiquei de má vontade com o remake, confirmado depois de tanta especulação. Mas quando ele foi ao ar, surpresa: me encantei.
A qualidade da produção é de espantar. Primeiro, porque é o SBT, uma emissora que tem um péssimo histórico quando se trata de novelas, salvo raríssimas exceções. O que só piora quando o caso é transportar para o Brasil um trabalho originário de outro país (quem não lembra da vergonhosa "homenagem" ao Chaves?). Depois, a responsável pelo texto: Íris Abravanel, a esposa do Silvio Santos, que está começando a se aventurar na profissão, sendo que seus resultados até aqui não passaram do medíocre. E, por fim, a comparação seria uma mal que a novela iria padecer, obviamente, em especial por parte do fãns do original.
Mas entre mortos e feridos, salvaram-se todos. O novo Carrossel é bem cuidado, tanto nos aspectos técnicos que valorizam o clima de magia e o lado lúdico da produção, fazendo até com que a verossimilhança não seja um fator preponderante na narrativa; quanto no texto, que, a bem da verdade, aproveita bastante material da novela clássica. As atuações também não podem ser esquecidas. Trabalhar com crianças é complicado e o mérito é todo para a direção de Reynaldo Boury, que depois de anos na Globo levou a sua experiência para o SBT. Claro que algumas crianças ainda estão verdes, são bem fraquinhas, mas têm carisma e isso, aliado a uma boa história, compensa.
Algumas atualizações são necessárias e bem-vindas, como a introdução de novas tecnologias, mas outras incomodam bastante, como a inserção da banda Restart, no aniversário de Maria Joaquina, por exemplo. Mas, ei, a novela não é para a minha geração, é para o atual público infantil e infanto-juvenil. Então tá tudo certo, faz parte. Até porque é só lembrarmos que a música de abertura era cantado pelo grupo Super Feliz, um bando de palhaços purpurinados. E eu adorava. Então, meu passado me condena e me calo. Mas, tirando o Restart, a trilha sonora é perfeita. Chico Buarque, Toquinho, Pequeno Cidadão (música de Arnaldo Antunes), Adriana Calcanhoto...
Enfim, Carrossel vem tendo ótimos índices de audiência e os seus ideais estão sendo apresentados à uma nova geração, que podem acompanhar as aventuras de Jaime Palilo (o melhor pra mim), Cirilo, Valéria (deram uma personagem insuportável para a igualmente chata Maísa, não tinha como errar), Maria Joaquina e companhia. Que eles curtam tanto quanto eu curti na época - e estou tendo a oportunidade de me envolver agora de novo com essa trama simples, mas encantadora. Vale a Pena.
Por Carlos Eduardo Vilaça.
Por Carlos Eduardo Vilaça.
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